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Como promover hábitos saudáveis na escola

Na EMEI Nelson Mandela, em São Paulo, desde 2008, todo mês de fevereiro marca o início dos cuidados com a terra para que ela seja preparada para o plantio. Ajudar nesta etapa, acompanhar a manutenção da horta e participar da colheita de alimentos faz parte da rotina das 200 crianças entre 4 e 5 anos que estudam lá em período integral. A escola também construiu uma cozinha experimental para os alunos criarem e executarem receitas elaboradas com o que é colhido na horta. Rabanete, beterraba, alface, rúcula, couve, espinafre e manjericão estão entre as opções.

O momento das refeições também é planejado com cuidado e inclui atividades com objetivos específicos, entre os quais aumentar a aceitação de alimentos diversos, ensinar redução de desperdício e estimular a participação dos pequenos na limpeza do ambiente. “Tendo os professores como referência, pois eles participam dessas ações, as crianças fazem o descarte seletivo do lixo que produzem e colaboram na limpeza do chão, mesas e cadeiras”, conta Cibele Araujo Racy Maria, há 13 anos diretora da escola.

As iniciativas fazem parte do projeto da instituição para conscientizar os pequenos sobre sustentabilidade e estimulá-los a desenvolver hábitos saudáveis, o que inclui, além da atenção à alimentação, educação para prática de atividades físicas. As ações preveem, por exemplo, formação dos professores sobre consciência e expressão corporal das crianças. Por que isso é importante? “Ao conferir significados ao próprio corpo, os pequenos encontram sentido em cuidar dele e respeitá-lo como parte de suas identidades. O que para alguns adultos é óbvio, para elas é uma descoberta”, afirma Cibele.

Esse tipo de trabalho, porém, não deve ficar restrito à Educação Infantil. “É importante que as escolas deem valor à construção de hábitos saudáveis, colocando esse tema como componente curricular em todas as etapas da Educação Básica”, afirma Isabel Porto Figueiras, professora do curso de mestrado em Educação Física da Universidade São Judas Tadeu e assessora do Instituto Ayrton Senna.

Para incorporar a questão como conteúdo pedagógico e elaborar projetos para a escola, vale considerar alguns aspectos:

Intencionalidade:

É importante que o planejamento de qualquer projeto para estimular a adoção de hábitos saudáveis defina claramente os objetivos que se quer atingir (o que os alunos já conhecem e o que precisam aprender) e quais caminhos serão necessários para chegar até eles.

Envolvimento:

Para aumentar o alcance das iniciativas, é importante convidar e dar protagonismo para todos da comunidade escolar: gestores, professores, funcionários, alunos e responsáveis.

Formação:

Promova momentos de estudo sobre os temas. A capacitação deve incluir gestores, professores e também os demais funcionários, afinal, em uma escola, todos são educadores. Aliás, no caso da alimentação, envolver o pessoal que prepara as refeições é fundamental.

Diversificação:

Ofereça múltiplas opções de alimentos, principalmente de frutas, verduras e legumes, para que os alunos possam construir um paladar diverso e saudável. Cuide para que tanto os ingredientes quanto o modo de preparo sejam variados. No âmbito dos exercícios físicos, elabore atividades que envolvam categorias diferentes de movimentos e trabalhem habilidades corporais distintas e não apenas velocidade ou força. Isso vale para as brincadeiras na Educação Infantil e também para a gama de modalidades no Ensino Fundamental. Além de ampliar o repertório, a diversificação ajuda a não excluir ninguém.

Inclusão:

Não se esqueça de colocar nas ações o estímulo ao respeito por colegas com características diversas, como, por exemplo, alunos com restrições alimentares por conta de alergias e doenças ou por escolha, como vegetarianos e veganos. Também é necessário criar estratégias didáticas que permitam a participação de todos nas atividades físicas: meninos e meninas, crianças e jovens, com níveis de habilidades e características físicas distintas e alunos com deficiência. Desenvolva ações de combate a preconceitos e estereótipos, promovendo o respeito às diferenças.

Prazer:

É um componente importante para o desenvolvimento de hábitos saudáveis e, portanto, não deve ser ignorado. Daí, pensar, por exemplo, no preparo dos alimentos oferecidos e no ambiente em que ele será servido. Afinal, quem vai aprender a gostar de chuchu se ele for apenas cozido na água, sem tempero? No caso das atividades físicas, quanto mais o aluno conhecer o próprio corpo e se sentir capaz de fazer algo, mais ele vai gostar e querer se envolver nas atividades.

Exemplo:

Não adianta dar aula sobre alimentos saudáveis e, na hora do intervalo, comer algo que você não indicaria para os alunos. Ou debater sobre respeito na hora de praticar exercícios e reproduzir ações preconceituosas. Educadores precisam ser coerentes e ensinar por meio de exemplos.

Amplitude:

As ações não precisam se restringir aos momentos de refeição ou às aulas de Educação Física. Dá para elaborar projetos interdisciplinares que levem a temática para as demais disciplinas. Ou pensar, no caso de atividades físicas, em como trabalhar a questão no intervalo e também nos momentos de entrada e saída de alunos.

Acompanhamento:

Toda proposta necessita prever como será feita a avaliação do andamento das ações. Assim, torna-se possível debater eventuais ajustes.

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