Pensando nos desafios pessoais e profissionais que você enfrentou até hoje, acredita que teria feito diferença na sua vida ter tido momentos na infância que o ajudassem a desenvolver habilidades socioemocionais, como: empatia, pensar antes de agir e reagir, criatividade, resiliência, curiosidade, autoconfiança, responsabilidade, entre outras?
Por que aprender habilidades socioemocionais na infância?
Mudanças neurológicas, nas estruturas físicas, cognitivas e comportamentais são características essenciais para definir o processo de desenvolvimento integral e, na infância, isso ocorre de maneira ordenada e relativamente duradoura.
Além de ensinar o bebê a bater palminha, engatinhar, falar e andar, é importante também ensinar como gerenciar as emoções e situações adversas do cotidiano. A imitação de expressões faciais é o primeiro passo em direção a entender a emoção do outro.
O processo de maturação infantil acontece por diferentes alterações na atividade em várias regiões cerebrais e é durante a infância que o ser humano está mais propenso a aprender e desenvolver as tendências de comportamento da vida adulta.
Sabe-se que os genes expressam essas propensões de comportamentos, todavia são as experiências individuais que os determinarão. Essas experiências podem ser gratificantes ou aversivas, dependendo de como se dão as relações parentais, e são grandes responsáveis pela formação da socialização do indivíduo.
Mas como desenvolver as habilidades socioemocionais na prática? Cada família tem sua prática e sabe o que é melhor para seus membros, portanto apresento a seguir alguns modelos para inspiração, que não são os únicos a serem seguidos.
Carinho é sempre bem-vindo na infância
O psiquiatra e psicanalista John Bowlby (1907 – 1990), baseado na etologia, estudou o vínculo existente entre mãe e filho e o nomeou de apego.
A Etologia descobriu que, mesmo em sociedades, culturas e épocas muito diferentes existem alguns padrões universais no comportamento das mães: quase todas, quando apresentadas a seus bebês recém-nascidos, tocam-nos da mesma maneira, orientam-se em direção aos olhos do bebê. As mães e os bebês se reconhecem pelo cheiro e/ou voz, dormem com o choro de outros bebês, mas acordam imediatamente quando ouvem o choro do próprio filho e são capazes de distinguir tipos diferentes de choro do seu bebê.
Um estudo sobre reações de bebês às suas mães, pais e estranhos, revelou por meio de registros gráficos que o bebê sincronizava seus batimentos cardíacos aos de sua mãe e de seu pai quando estes se aproximavam dele, mas o mesmo não ocorria diante de um estranho.Todo esse processo de interação mãe-filho garante a construção do vínculo afetivo que será determinante no futuro.
Brincar para desenvolver habilidades socioemocionais
Crianças em idade pré-escolar estabelecem relações de fundamental importância para seu desenvolvimento socioemocional, principalmente com cuidadores e pares.
Nas atividades lúdicas, encontram-se recursos extremamente importantes para desenvolvimento e ampliação de quase todos os domínios do desenvolvimento infantil (motor, cognitivo, socio emocional). O brincar é um fenômeno complexo e multidimensional, que além da interação engloba algumas regras, tais como os citados por Mafalda Figueiredo (2015):
- O brincar é um comportamento intrinsecamente motivado;
- O brincar é espontâneo, no sentido em que os seus objetivos são auto impostos e não impostos por outros;
- Ao contrário do comportamento exploratório, cujo objetivo é reduzir a incerteza e obter informação acerca de determinado objeto, numa situação de brincar, sendo o objeto conhecido, a questão coloca-se em torno do que se poderá fazer com o mesmo;
- O brincar consiste num conjunto de atividades simbólicas e não apenas sensoriais e motoras;
- O brincar é livre;
- E, por último, o brincar requer que a criança esteja ativamente envolvida numa determinada atividade.
Além de desenvolver o raciocínio, a atenção, a imaginação e a criatividade, é por meio da brincadeira que a criança consegue simular situações e conflitos de sua vida familiar e social e, consequentemente, a expressão de suas emoções. O brincar permite que ela aprenda a partilhar, cooperar e se relacionar de uma maneira geral. Por isso, tão importante quanto ter o inglês, a natação e as aulas extras do colégio na agenda, é importante ter diariamente também um horário para não fazer nada e, assim, a criança pode ser criativa no seu processo de brincar.
Bruna D. Rodrigues de Freitas
Graduada em Psicologia, Analista do Comportamento com certificação internacional pela TTI Success Insights, Personal e Professional Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching e Coach Multifocal pela Menthes. Discente do MBA Executivo em Desenvolvimento Humano e Psicologia Positiva.